História da Copa do Mundo de 2006

Alemanha, 2006 – A queda alemã numa Copa sem surpresas

Novamente e pela quarta vez a Copa era disputada em um país que já havia sido sede anteriormente. Em 1974, a então Alemanha Ocidental foi a anfitriã e a vencedora do décimo torneio.

Para a eliminatória, 197 países haviam sido inscritos. Essa era a primeira Copa após a mudança na regra em que o campeão anterior já não teria mais vaga assegurada ao torneiro seguinte. Portanto, o Brasil precisaria classificar-se via eliminatórias.

Luis Felipe Scolari havia deixado o comando da seleção brasileira após o título na Copa passada e assumido a seleção portuguesa. Brasileiros e portugueses conseguiram a classificação.

Aliás, além da anfitriã Alemanha, a Europa levou à Copa as seguintes seleções: Croácia, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Polônia, Portugal, República Tcheca, Sérvia e Montenegro, Suécia, Suíça e a estreante Ucrânia. Os sul-americanos que participaram do torneio, além do Brasil, foram: Argentina, Equador e Paraguai. Pela Concacaf, um recorde de participação com essas quatro seleções: Costa Rica, EUA, México e a estreante Trinidad e Tobago. Os asiáticos levaram: Arábia, Coreia do Sul, Irã e Japão. A Austrália voltava a dar uma vaga à Oceania depois de vinte e quatro anos. E a África trazia quatro estreias: Angola, Costa do Marfim, Gana e Togo, além da já conhecida Tunísia. Eram 6 estreantes, o maior número de estreantes desde 1934, superando as 5 estreias de 1982, 6 seleções que retornavam após a ausência em Copas anteriores e 20 seleções que participavam de forma consecutiva, igualando o recorde de 2002.

Mais uma vez as regras não haviam mudado.

O Brasil, treinado pelo tetracampeão Carlos Alberto Parreira e seu fiel escudeiro Zagallo, chegava como favorito ao título. Além de ser o atual campeão e de ter terminado a eliminatória em primeiro lugar, a seleção trazia em sua bagagem o título de campeão da Copa das Confederações, torneio criando em 1992 e que desde 2001 passou a ser disputado um ano antes da Copa, no país que sediaria o evento, com a participação dos seis campeões continentais, além do atual campeão mundial e do país-sede. Fizemos um campeonato brilhante, com vitórias empolgantes, derrotando na final a forte Argentina com uma goleada por 4 x 1.

O quarteto formado por Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Ronaldo Fenômeno e Adriano, alcançava um nível de entrosamento que parecia já sacramentar a conquista do título, mesmo jogando na casa de um de nossos maiores rivais e ganhadores de Copas, a Alemanha. Dos quatro, apenas Adriano não ostentava o título de melhor jogador do Mundo em anos anteriores.

Corriam por fora nas apostas pelo título, além da anfitriã Alemanha, as seleções de Portugal do técnico Scolari, a França ainda comandada pelo maestro Zidane, a sempre perigosa Argentina, e as tradicionais Itália e Inglaterra.

O Brasil caiu no Grupo F, contra Croácia, Austrália e Japão. Era um grupo relativamente fácil, mas, apesar de ter vencido os três jogos, a seleção não chegou a convencer. Vencemos as duas primeiras partidas sem sofrer gols, com 1 x 0 sobre a Croácia e 2 x 0 sobre a Austrália. Esses dois jogos sem ser vazado, somado aos dois últimos jogos da Copa passada, fez o Brasil repetir pela quinta vez, entre nove outras situações envolvendo outras seleções, a segunda melhor marca da História das Copas, com 4 jogos consecutivos sem sofrer gols. O jogador Cafu, ao disputar os jogos da Primeira Fase, igualou o feito de Djalma Santos, em 1966, e Pelé, em 1970, ao participar de jogos em 4 edições de Copa do Mundo, tendo disputado jogos nas Copas de 1994, 1998, 2002 e 2006. No último jogo, aliás, com a vitória por 4 x 1 sobre o Japão, Keiji Tamada foi o primeiro jogador asiático a marcar gol no Brasil, que começou perdendo por 0 x 1. Nesse jogo, também, Ronaldo Fenômeno, autor do gol de empate e do quarto gol brasileiro, igualou a marca do alemão Gerd Müller, com 14 gols marcados em Copas do Mundo, além de se tornar o segundo jogador brasileiro a marcar gols em mais Copas, fazendo a rede balançar em favor do Brasil em 3 Copas (1998, 2002 e 2006), atrás apenas do Rei Pelé, que conseguiu isso em 4 Copas. Foi também o 10º confronto brasileiro contra uma seleção asiática em Copas.

Passamos de fase com a companhia da Austrália, a primeira seleção da Oceania a vencer um jogo e a passar de fase. No jogo de estreia do grupo, entre Austrália e Japão, jogo que marcou o primeiro confronto entre seleções da Oceania e da Ásia, a abertura de placar com o gol do jogador Shunsuke Nakamura foi o primeiro gol de uma seleção asiática sobre uma seleção da Oceania. Ainda nesse jogo, o jogador australiano Tim Cahill foi autor do primeiro e do segundo gol de sua seleção, virando o jogo para a Austrália nos minutos finais da partida e tornando-se o primeiro e único jogador da Oceania a marcar 2 gols em um jogo de Copa do Mundo, além de alcançar o posto de maior artilheiro em uma Copa pela Oceania com esses 2 gols, marca alcançada posteriormente por outros dois jogadores australianos. O gol de empate feito por Cahill também foi o primeiro gol de uma seleção da Oceania sobre uma seleção asiática. Além disso, a vitória por 3 x 1 foi a primeira vitória e o placar mais dilatado de uma seleção da Oceania sobre uma seleção da Ásia. Na última rodada da Primeira Fase, Austrália e Croácia empataram em 2 x 2 e o gol australiano que empatou o jogo em 1 x 1 foi marcado pelo jogador Craig Moore, de pênalti, o primeiro gol de pênalti de uma seleção da Oceania na História das Copas. O resultado final também foi o primeiro e maior empate em um jogo com participação de uma seleção da Oceania.

Nos outros grupos houve poucas novidades em termos de classificação.

Pelo Grupo A, a zebra sul-americana Equador desclassificou a Polônia, construindo sua classificação já no primeiro jogo, quando venceu os poloneses por 2 x 0. Ainda nesse grupo, a vitória da Alemanha por 1 x 0 sobre a Polônia deixou os alemães igualarem a marca de Brasil e Itália ao enfrentarem pela terceira vez um mesmo adversário sem sofrer gols.

O Paraguai, que perdeu sua vaga no Grupo B para Inglaterra e Suécia, deixou a competição com sua pior classificação em Copas, o 18° lugar, em partes por ter sofrido o gol contra mais rápido da História das Copas até então. O defensor Carlos Gamarra empurrou a bola para as próprias redes logo aos 2 minutos e 46 segundos no jogo Inglaterra 1 x 0 Paraguai. Atualmente, a marca de Gamarra é a segunda pior da história. O empate em 2 x 2 que deu a classificação para as Oitavas de Final tanto para ingleses quanto para suecos marcou o empate de número 50 entre selecionados europeus. Vale registrar ainda que o gol de Allback, da Suécia, ao empatar em 1 x 1 a partida com a Inglaterra, que terminaria em 2 x 2, anotou o gol de número 2.000 da história das Copas. O Paraguai ainda venceu Trinidad e Tobago na última rodada por 2 x 0 e o primeiro gol paraguaio foi feito contra pelo jogador Brent Sancho, de Trindad e Tobago, igualando a marca do Brasil como a seleção sul-americana mais beneficiada por gols contras, com 2 gols. A seleção da Concacaf, ao deixar a Copa sem marcar gols, igualou-se a outras cinco seleções na terceira pior marca da História das Copas nesse quesito, com 3 jogos sem balançar as redes adversárias desde sua estreia em Copas.

Bacary Kone, de Costa do Marfim, ao dar números finais à derrota de sua seleção para a Holanda por 2 x 1 pelo Grupo C, marcou o 50º gol de africanos sobre os europeus na História das Copas. No jogo seguinte, na vitória de Costa do Marfim sobre a Sérvia, Aruna Dindane, ao marcar os dois gols que levaram a partida ao empate, foi o sétimo jogador africano a igualar a marca de 2 gols em uma mesma partida, recorde entre seleções da África.

Na segunda rodada do Grupo D, o empate em 0 x 0 entre México e Angola foi o primeiro empate em confrontos envolvendo seleções da Concacaf e da África. Já no jogo entre Portugal e Irã, o gol que deu números finais ao placar de 2 x 0 para os portugueses foi marcado pelo jogador Cristiano Ronaldo, de pênalti, reafirmando a posição do Irã como a seleção asiática com mais gols sofridos em cobrança de pênaltis na História das Copas, com 5 gols.

A seleção ganesa conseguiu o feito de desclassificar EUA e República Tcheca pelo Grupo E. No jogo em que venceu a República Tcheca por 2 x 0, o gol de abertura do placar, marcado pelo jogador Asamoah Gyan, foi o gol mais rápido de uma seleção africana na História das Copas, após os 2 minutos de jogo. Nenhum jogador africano conseguiu marcar gol antes de 1 minuto até o momento. Gana também igualou no recorde de vitórias consecutivas de uma seleção africana, pertencente a Camaróes, em 1990, e Nigéria, em 1994, ao vencer ambas as seleções desclassificadas na segunda e terceira rodada da Primeira Fase. No jogo entre Itália e EUA, o empate em 1 x 1 foi conseguido pelos norte-americanos através de um gol contra do jogador italiano Cristian Zaccardo, colocando os EUA como segunda seleção mais beneficiada com gols contra na História das Copas, com 3 gols.

Pelo Grupo G, a França começou a Copa com um empate em 0 x 0 com a Suíça. Graças à péssima campanha na Copa passada, sendo desclassificada na Primeira Fase sem ter marcado um gol sequer, esse resultado de estreia da França registrou o 4º jogo consecutivo sem marcar gols, juntando-se a outras cinco seleções na segunda pior marca da História das Copas. Já o gol de Terry Henry para os franceses, que deu placar final de 2 x 0 sobre a seleção de Togo, foi o 100º gol de europeus sobre africanos. Togo deixou a Copa com 3 derrotas, sendo o segundo país africano a registrar essa marca negativa desde sua estreia, assim como aconteceu com o Zaire, em 1974.

Pelo Grupo H, o jogador saudita Sami Al-Jaber alcançou duas marcas no jogo de estreia dos sauditas: ao marcar 2 x 1 para sua seleção contra a Tunísia, num jogo que terminou empatado em 2 x 2, tornou-se o primeiro jogador asiático a marcar gols em 3 Copas, uma vez que havia marcado gols em 1994 e 1998; com a participação nesse jogo, tornou-se o segundo jogador asiático a participar de jogos em 4 Copas, desde 1994 até esta Copa, igualando o feito do sul-coreano Hong Myung-Bo em 2002. Esse empate também igualou pela quarta vez a marca de maior empate com participação de uma seleção asiática. E, na última rodada, o jogador ucraniano Andrey Shevchenko, ao anotar o gol da vitória sobre a mesma Tunísia, marcou o 100º gol de uma seleção europeia sobre uma seleção africana. A Arábia Saudita, no entanto, registrou a marca negativa de 10 jogos sem vencer em Copas, somando os três jogos dessa Primeira Fase a um jogo em 1986 e os três jogos de Primeira Fase de 1998, 2002 e 2006. É a quinta pior marca da História das Copas.

Alemanha, Espanha e Portugal, todos com três vitórias, passaram fácil pela Primeira Fase e aumentaram suas cotações nas bolsas de apostas.

Nas Oitavas de Final enfrentamos Gana. Num jogo considerado difícil pela velocidade e força física dos africanos, e, também, pela apatia apresentada pelo Brasil na Primeira Fase, acabamos por passar com uma certa facilidade: 3 x 0. Era a vitória consecutiva de número 11 do Brasil, considerando as sete vitórias da Copa passada, recorde absoluto na História das Copas e 3ª melhor marca de invencibilidade. Destaque também para dois gols: o de abertura do placar em que Ronaldo Fenômeno assumia o recorde isolado de gols marcados em Copas, com 15 gols, e o segundo gol, marcado por Adriano, gol de número 200 do Brasil em Copas.

Portugal avançou para as Quartas de Final derrotando a forte Holanda, naquele que foi também a 11ª vitória consecutiva do técnico Luis Felipe Scolari, treinador dos brasileiros em 2002, além de ser o jogo com maior número de cartões vermelhos da história, com 4 cartões, sendo 2 para cada lado, além de igualar o recorde de cartões amarelo pertencente ao jogo Alemanha x Camarões na Copa passada com um total de 16 cartões distribuídos pelo árbitro da partida. Foram os jogos com maior número de punições desde a implantação de cartões amarelo e vermelho para punir os jogadores, ocorrida após a Copa de 1966.

No jogo entre Suíça e Ucrânia o goleiro Pascal Zuberbühler foi desclassificado na disputa de pênaltis pelos ucranianos após um empate em 0 x 0 no tempo normal e na prorrogação, e saiu da Copa sem sofrer nenhum gol sequer, fato nunca antes ocorrido, tornando-se a décima primeira seleção a atingir 4 jogos sem sofrer gols. Nem mesmo os campeões conseguiram terminar um torneio sem levar nenhum gol. Por outro lado, a disputa de pênaltis mostrou uma Suíça com péssima pontaria, sendo a primeira seleção a ser desclassificada em uma disputa de pênaltis sem conseguir converter sequer uma cobrança. Resultado Ucrânia 3 x 0 Suíça. A Suíça deixava a Copa de forma invicta.

A França venceu a Espanha por 3 x 1 no jogo de número 700 em Copas do Mundo e o gol espanhol que abriu o placar do jogo, foi marcado pelo jogador David Villa na cobrança de pênalti. Além de ter sido o 3º pênalti favorável à Espanha naquela Copa, já que o próprio Villa havia marcado o segundo gol sobre a Ucrânia na vitória por 2 x 0 e Fernando Torres, o segundo sobre a Tunísia na vitória por 3 x 1, os espanhóis também alcançaram a marca de 14 gols marcados em cobrança de pênalti na História das Copas, a maior marca dentre todas as seleções e que ainda hoje pertence à Espanha, com um gol a mais.

Nas demais partidas, deu a lógica. Os campeões Alemanha, Argentina, Inglaterra e Itália alcançaram suas vagas para a fase seguinte.

A Alemanha foi quem passou com um pouco mais de facilidade ao vencer a Suécia por 2 x 0 no tempo normal.

A Argentina precisou de prorrogação para vencer o México por 2 x 1, com o gol salvador do jogador Maxi Rodrigues, tornando a Argentina a seleção sul-americana que mais marcou gols em prorrogação, com 3 gols. Posteriormente, esse número aumentou para 4 gols.

A Itália desclassificou a Austrália com um gol de pênalti anotado pelo jogador Francesco Totti, o primeiro gol sofrido por uma seleção da Oceania em cobrança de pênalti em Copas, com a Austrália deixando a Copa, pela primeira vez para um time da Oceania, nas Oitavas de Final.

A Inglaterra também passou com um magro 1 x 0 sobre o Equador, que saia da Copa com sua melhor participação: 12º lugar.

O Brasil encarou nas Quartas de Final os carrascos franceses. Havíamos perdido a vaga nos pênaltis nessa mesma fase para a França em 1986 e sofremos nossa pior derrota na final de 1998. Num jogo fraco tecnicamente, em que os brasileiros pareciam andar em campo, acabamos sendo derrotados pelo time de Zidane por 1 x 0. A França tornou-se um de nossos maiores pesadelos na história das Copas. Ao lado de Hungria, Portugal e Noruega, os franceses tinham um melhor retrospecto de pontos nos confrontos com o Brasil, além da Holanda, que até aquele momento tinha o mesmo número de pontos, mas melhor saldo de gols. Apesar da decepção, os jogadores Cafu e Ronaldo Fenômeno alcançavam outras duas melhores marcas para jogadores brasileiros. O lateral Cafu tornou-se o recordista em jogos, com 20 jogos, e em vitórias, com 16 vitórias, enquanto que Ronaldo Fenômeno alcançou a segunda melhor marca em jogos, com 19 jogos, e a segunda melhor marca em vitórias, com 15 vitórias. A marca de jogos do lateral Cafu também ocupa a quinta colocação no geral e a marca de vitórias, a segunda colocação, atrás apenas do alemão Miroslav Klose, com 17 vitórias. O lado negativo é que Cafu terminou sua participação em Copas como o jogador que mais recebeu cartões amarelos, com 6 no total, e também na somatória de cartões, com esses amarelos e nenhuma expulsão.

Nos outros jogos, a Itália impôs a sua condição de tricampeã e passou fácil pela Ucrânia por 3 x 0. Já Alemanha x Argentina e Portugal x Inglaterra acabaram sendo decidido nos pênaltis classificando a anfitriã e o time lusitano. Tanto alemães quanto argentinos encararam sua 4ª disputa de pênaltis em Copas, recorde que seria igualado ainda na Final deste torneio. Argentinos e ingleses deixaram a Copa sem perder nenhum jogo. A Inglaterra tornou-se a terceira seleção a deixar duas Copas sem sofrer derrotas. O técnico Felipão alcançou, também, o recorde de invencibilidade de um técnico, com 12 jogos, sendo 7 vitórias em 2002, como técnico do Brasil, e 4 vitórias e um empate em 2006, como técnico de Portugal.

Fora da Copa, restava aos brasileiros descobrir se teríamos um novo campeão, no caso, Portugal, um novo bicampeão, no caso a França, ou um novo tetracampeão, no caso, Itália ou Alemanha.

Portugal bem que tentou alcançar sua primeira final, mas caiu diante de uma pragmática França: 1 x 0. Era o 50º jogo do selecionado francês em Copas. O goleiro francês Fabian Barthez igualou, nesse jogo, o recorde de jogos sem sofrer gols em Copa do Mundo, pertencente ao inglês Peter Shilton, com 10 jogos sem ser vazado.

Já na Semifinal entre alemães e italianos, após o empate em 0 x 0 no tempo normal, a Itália mostrou aos alemães a decepção de ficar fora da Final de uma Copa em seus domínios, assim como aconteceu com eles em 1990. Repetindo o que aconteceu também na incrível Semifinal em 1970, venceu por 2 x 0 na prorrogação, a 10ª da Itália e a 8ª da Alemanha na História das Copas, sendo as duas seleções que mais jogaram tempo extra até então. Além disso, a Itália assumiu uma marca surpreendente ao jogar o quinto jogo contra a Alemanha em Copas e nunca ser derrotada pela adversária, com três triunfos italianos (1970, 1982 e nesta Copa) e dois empates (1962 e 1978), uma marca de respeito para seleções com títulos mundiais. Tal invencibilidade em confrontos só ficou atrás da invencibilidade brasileira contra os suecos, com sete jogos (1938, 1950, 1958, 1978, 1990 e dois jogos em 1994), alcançando a segunda melhor marca, repetida até então pelo mesmo Brasil no confronto contra a antiga Tchecoslováquia (dois jogos em 1938, dois jogos em 1962 e 1970), a própria Itália contra a Argentina (1974, 1978, 1982, 1986 e 1990, embora tenha sido derrotada nos pênaltis na Semifinal dessa última Copa), sendo os italianos os únicos até então a conseguir esse feito contra outros campeões mundiais. Também foi o primeiro e, até o momento, único caso em que uma seleção marcou gols durante uma prorrogação em outra seleção em duas ocasiões diferentes, uma vez que os italianos também venceram os alemães na prorrogação na já citada Semifinal de 1970, marcando três gols sobre os alemães naquele jogo durante o tempo extra. Os gols de Fábio Grosso e Alessandro Del Piero também alcançaram a marca de 8 gols em prorrogação para os italianos a melhor marca dentre as seleções e que só foi alcançado duas Copas depois pela própria Alemanha. Por outro lado, a Alemanha se tornou a seleção com mais gols sofridos em prorrogação, com 9 gols, marca ainda pertencente à Alemanha, porém com um gol a mais.

Um dia antes da grande decisão, Alemanha e Portugal entraram para escrever uma grande página na história dessa Copa, assim como aconteceu com as duas seleções durante o torneio, com um belíssimo 3 x 1 alcançado pelos anfitriões. Portugal não conseguiu repetir o 3º lugar de 1966, mas saiu com um futebol de primeiro nível apresentado durante a competição. Além disso o segundo gol alemão foi marcado contra pelo jogador português Petit, sendo o 4º gol contra a beneficiar a seleção alemã, igualando os italianos com a melhor marca da história até então. Hoje configura-se como a segunda melhor marca.

No último dia de junho, Itália e França entraram no estádio de Berlim para decidir quem levaria novamente o troféu de campeão. Era o quinto confronto entre essas seleções, igualando a segunda melhor marca da História das Copas. Num jogo tenso e de poucas chances de gol, italianos e franceses empataram por 1 x 1, gols de Zidane, para a França, e Marco Materazzi, para Itália. Com o gol marcado na Final, Zinedine Zidane se tornou o quarto jogador a entrar para o seleto grupo de jogador que anotaram de 3 gols em Finais de Copa do Mundo, uma vez que havia feito dois gols sobre o Brasil na Final de 1998, igualando os feitos dos brasileiros Pelé e Vavá e do inglês Geoff Hurst. Além disso, Zidane, aos 34 anos e 16 dias, e Materazzi, aos 32 anos e 324 dias, tornaram-se, respectivamente, o segundo e o terceiro jogadores mais velhos a marcar gol em uma Final de Copa do Mundo. Durante a partida, os autores dos gols protagonizaram uma cena lamentável; após discutirem, Zidane desferiu uma cabeçada contra o peito do italiano, levando-o ao chão, sendo expulso em seguida e abandonando sua vitoriosa trajetória nos gramados das Copas do Mundo com esse triste final, tornando-se o segundo jogador na História das Copas a receber cartão vermelho em duas edições e, somado aos amarelos, um dos recordistas em cartões no geral, com 6 cartões. E a Itália chegava à sua 11ª prorrogação em Copas.

O placar da prorrogação manteve-se sem alteração, com o título sendo decidido nos pênaltis. Era a 4ª decisão por pênaltis para italianos e franceses, igualando a marca registrada nas Quartas de Final dessa Copa. A seleção italiana, protagonista nas únicas duas Copas decididas dessa forma até então, já que havia perdido nesse mesmo tipo de decisão para o Brasil em 1994, venceu por 5 x 3 e conquistou o tetracampeonato. Marcello Lippi, técnico da azurra, tornou-se o segundo mais velho treinador a vencer uma Copa do Mundo, com mais de 58 anos, caindo para terceiro, na Copa seguinte, em virtude do título do espanhol de Vicente Del Bosque.

A Itália conquistava seu título em terras alemãs, de forma inversa como havia feito a Alemanha em 1990, na casa dos italianos, ficando a um título dos brasileiros. Restava à Alemanha, que havia apresentado um futebol admirável, o consolo de ter sido o melhor ataque, com 14 gols, e de possuir o artilheiro da Copa, Miroslav Klose, com 5 gols. A média de gols da Alemanha igualou a pior média de gols de um melhor ataque da Copa, como aconteceu com a Argentina em 1986, com apenas 2 gols por jogo.

A França, por sua vez, tornou-se a quarta seleção nessa Copa a encerrar sua participação de forma invicta, mas sem o título, sendo a primeira seleção vice-campeã invicta da História das Copas.

Numa Copa quase sem nenhuma zebra, a média de gols foi de somente 2,30, até então a segunda mais baixa da história, melhor apenas e justamente da Copa de 1990, passando a ser a terceira pior marca depois do desempenho pífio da Copa de 2010. Também como aspectos negativos estão os desempenhos de melhor ataque e artilheiro, com resultados piores desde 1962. Além disso, o número de 0 x 0 igualou a pior marca da história com 7 repetições deste placar num total de 64 jogos, assim como a Copa de 1982, que tinha apenas 24 participantes e teve 7 resultados 0 x 0 em 52 jogos.

Foi também a Copa recordista em cartões amarelos e vermelhos, num total de 28, 6 a mais que 1998, uma prova da prevalência do aspecto físico e da necessidade de revisão de regras.