História da Copa do Mundo de 1998

França, 1998 – A última campeã do século

Pela terceira vez na história das Copas tivemos repetição do país sede. A França, que voltou a participar de uma Copa do Mundo após ausentar-se das duas últimas, sediava o torneio. Capitaneada por Zinedine Zidane, a nova geração francesa era a anfitriã da primeira Copa com 32 seleções e a última Copa do século XX.

Um total de 174 seleções disputaram vagas para este Mundial. Das 32 vagas, 2 já estavam pré-definidas; a França garantiu sua participação quando foi nomeada para ser a sede do torneio e o Brasil conquistou o direito de disputar o torneio em 1994 ao vencer a Copa dos EUA e se tornar o campeão mundial. As 30 seleções restantes foram: Camarões, Marrocos, Nigéria e Tunísia e a estreante África do Sul, pela África; Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai, pela América do Sul; Arábia Saudita, Coreia do Sul, Irã e o estreante Japão, pela Ásia; EUA, México e a estreante Jamaica, pela Concacaf; e Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Escócia, Espanha, Holanda, Inglaterra, Itália, Iugoslávia, Noruega e Romênia e a estreante Croácia, pela Europa.Foram 4 estreantes, 10 seleções que retornaram após a ausência em Copas anteriores e 18 seleções que participaram de forma consecutiva.

Com a mudança no número de participantes, mudavam também as regras do torneio. Na Primeira Fase, ao invés de 6 grupos de 4 equipes, passaríamos a ter 8 grupos de 4 equipes. Não haveria mais classificados pela repescagem; os dois primeiros de cada grupo formariam as 16 seleções que disputariam as Oitavas de Final. Daí em diante, o torneio seguia a mesma regra da Copa anterior.

Como atual campeão, o Brasil não disputou as eliminatórias. No comando técnico do time o treinador tricampeão em 1970 e coordenador técnico no tetracampeonato de 1994, Mário Jorge Lobo Zagallo. Juntamente à Argentina, a França, as fortes Holanda, Espanha e Inglaterra, e as consistentes Alemanha e Itália, figurávamos como candidatos ao título desse torneio.

O Grupo do Brasil era razoavelmente fraco, tendo apenas a seleção norueguesa, que havia derrotado o Brasil na preparação para a Copa, como maior obstáculo. Por ser o atual campeão, começamos o jogo de abertura da Copa com uma vitória por 2 x 1 sobre a fraca Escócia, naquele que marcou o primeiro jogo inaugural com a participação do campeão atual desde 1974 em que um selecionado marcou 2 gols e a 50ª vitória do Brasil em jogos desta competição. Fato curioso é que Brasil e Escócia se enfrentaram Copa sim, Copa não desde 1974, com 4 confrontos em Copas intercaladas. Mais do que isso, o gol inaugural desta Copa, marcado por César Sampaio, do Brasil, aos 4 minutos do primeiro tempo, foi o gol mais rápido em um jogo de abertura. O gol da vitória brasileira foi marcado pelo escocês Tom Boyd, contra, sendo o segundo gol cedido dessa forma aos brasileiros na História das Copas, tornando-se a primeira seleção sul-americana a alcançar tal marca, ainda hoje a maior para sul-americanos. Enfrentamos, em seguida, a seleção de Marrocos e impusemos um 3 x 0, aliás, o terceiro 3 x 0 em quatro confrontos com selecionados africanos. O gol do jogador Bebeto, que deu números finais ao jogo, foi o 10º gol brasileiro contra seleções africanas na História das Copas. Ainda nesse jogo, o goleiro brasileiro Cláudio Taffarel também igualou a marca de outro goleiro brasileiro, Emerson Leão, e do goleiro alemão Sepp Maier, com 8 jogos em Copas sem sofrer gols, a melhor marca entre goleiros brasileiros e a segunda melhor marca da História das Copas. No último jogo, porém, fomos derrotados pelos gigantes noruegueses por 2 x 1. Essa foi a 10ª derrota brasileira para seleções europeias na História das Copas. Não perdíamos na Primeira Fase de uma Copa do Mundo desde 1966. Outro fato interessante sobre o Brasil nessa Primeira Fase é que a seleção sofreu dois gols de pênaltis, do jogador escocês John Collins, ao empatar o jogo com o Brasil, e do jogador norueguês Kjetil Rekdal, dando números finais à vitória norueguesa. Com esses dois gols, a seleção brasileira se tornou a maior vítima de gols de pênaltis na História das Copas, com 9 gols sofridos dessa forma, posição que ainda ocupa, porém com 11 gols sofridos.

Ainda no grupo do Brasil, a Escócia participou de sua oitava Copa, e pela oitava vez não passou da Primeira Fase, sendo dona desse recorde negativo. Na derrota escocesa para a seleção de Marrocos, 2 dos três gols marcados pelos marroquinos foram do jogador Salaheddine Bassir, igualando a melhor marca de um jogador africano em um jogo de Copa do Mundo ocorrida em outras quatro oportunidades anteriores. O placar de 3 x 0 para os marroquinos também igualou a maior goleada de uma seleção africana em Copas, alcançada pela Nigéria na Copa passada. No empate entre Marrocos e Noruega em 2 x 2, o gol que ocasionou o primeiro empate do jogo em favor da Noruega também foi gol contra. O marroquino Youssef Chipo marcou o primeiro gol contra de uma seleção africana na História das Copas ao igualar o jogo em 1 x 1.

A Itália, pelo grupo B, marcou o seu 100º gol em Copas através de Di Biaggio ao inaugurar o placar no jogo contra Camarões, jogo este que acabaria 3 x 0 para os italianos. E o jogador Rigobert Song, de Camarões, tornou-se o primeiro jogador a ser expulso de campo em duas Copas seguidas – já havia sido em 1994. No jogo contra a Áustria, vencido pelos italianos por 2 x 1, a Itália perdeu a chance de estabelecer um novo recorde de confrontos com um mesmo adversário sem sofrer gols, recorde este pertencente até então a ela e ao Brasil, com três confrontos. Mas alcançou um outro recorde, tendo vencido todos os quatro confrontos entre essas seleções. E a seleção de Camarões deixou a Copa após o empate, na última rodada, em 1 x 1 com o Chile. Nesse jogo, o jogador camaronês François Oman-Biyik tornou-se o recordista africano em partidas de Copa do Mundo, tendo participado de 11 jogos de sua seleção, enquanto que outros dois jogadores camaroneses, Samuel Eto’o, com 17 anos e 99 dias, e Salomon Olembe, com 17 anos e 185 dias, superavam a marca do brasileiro Pelê, tornando-se, respectivamente, o segundo e terceiro mais jovem jogadores a participar de um jogo em Copas do Mundo. Eto’o ainda consta com a segunda marca e o mais jovens entre jogadores africanos, enquanto que Olembe ocupa, hoje, a quarta marca no geral.

Pelo Grupo C, o empate entre Arábia Saudita e África do Sul em 2 x 2 marcou o primeiro empate entre seleções da Ásia e da África. Além disso, os três últimos gols do confronto foram marcados em cobrança de pênaltis, repetindo pela terceira vez o feito em um único jogo de Copa. Primeiro, Sami Al-Jaber empatou para os árabes, tornando-se o primeiro jogador asiático a marcar 2 gols de pênalti em Copas, já que havia marcado em 1994 contra a também africana Marrocos na abertura do placar. Yousuf Al-Thunayan, virou o jogo para os árabes e Shaun Barlett empatou novamente para os africanos, todos de pênalti. O gol de Al-Thunayan, aos 34 anos e 219 dias de idade, também registrava a marca de mais velho jogador asiático a marcar gol em Copas do Mundo, três dias depois do registro da marca de mais novo jogador asiático nesse mesmo quesito, no jogo Irã 2 x 1 EUA. Na goleada de 3 x 0 da França sobre a África do Sul, o segundo gol francês, marcado contra pelo sul-africano Pierre Issa, foi o gol de número 1.600 das Copas. E a França, dona da casa, passava com três vitórias incontestáveis.

Pelo Grupo D, o gol do jogador paraguaio Celso Ayala, na abertura do placar da derrota por 3 x 1 para a Nigéria, foi o 9º gol mais rápido da História das Copas à época, ao ser marcado com 53 segundos de jogo. Atualmente, é o 11º mais rápido e figura entre os 12 gols marcados antes de 1 minuto de jogo, sendo o gol mais rápido em Copas anotado por um jogador sul-americano. A Nigéria venceu os dois primeiros jogos da Primeira Fase, igualando o feito da seleção de Camarões, em 1990, ao vencer duas partidas consecutivas, um recorde para países africanos. Também se tornou a primeira seleção africana a se classificar na Primeira Fase pela segunda vez, e conseguiu tal feito em Copas consecutivas: 1994 e 1998. A Espanha foi desclassificada logo na Primeira Fase, o que não ocorria dede 1978. Na primeira rodada, quanto nigerianos e espanhóis se enfrentaram, o gol que empatou o jogo em 2 x 2 para a Nigéria e que proporcionou a virada africana foi marcado contra pelo goleiro espanhol Andoni Zubizarreta, tornando a Nigéria a primeira seleção africana a ser beneficiada por um gol contra na História das Copas.

O jogo de abertura do Grupo E, entre México e Coreia do Sul, o gol que inaugurou o placar, marcado pelo sul-coreano Ha Seok-Ju, foi o primeiro gol de uma seleção asiática sobre uma seleção da Concacaf na História das Copas. Já no confronto dos mexicanos contra os belgas, o jogador Garcia Aspe diminuiu para o México em 2 x 1 com um gol de pênalti, seu 2º na História das Copas, uma vez que havia marcado sobre a Bulgária em 1994, tornando-se o primeiro jogador de uma seleção da Concacaf a conseguir tal feito. Além disso, o gol de Aspe foi o segundo caso de dois gols de pênaltis marcados em Copas distintas num mesmo confronto, uma vez que Gustavo Peña já havia marcado um gol de pênalti na vitória por 1 x 0 sobre a Bélgica em 1970. A Coreia do Sul, com duas derrotas e um empate, deixou a Copa com a segunda pior marca de partidas consecutivas sem vitórias na História das Copas, com 14 jogos desde a estreia sem conseguir comemorar ao final do jogo. Apenas a Bulgária, com 17 jogos sem vencer, é que registra marca mais negativa. A Bélgica, com três empates, deixou a Copa na Primeira Fase de forma invicta.

No grupo F, os EUA estrearam com derrota de 2 x 0 para a Alemanha. Essa derrota sem marcar gols, somada aos dois jogos da Copa anterior também sem balançar as redes adversárias, registraram a pior marca de jogos consecutivos sem anotar gols para seleções da Concacaf até então, com 3 jogos passados em branco. Atualmente, essa marca ocupa a 2º pior posição na Concacaf, junto a outras seis marcas. Alemanha e Iugoslávia empataram em 2 x 2 no sexto confronto entre as seleções, em seis Copas diferentes. Apenas Brasil x Suécia, com 7 jogos em 6 Copas superava esta marca. O jogo entre alemães e iugoslavos também alcançou outras três marcas. Era o confronto de número 200 entre seleções europeias. Além disso, o segundo gol iugoslavo no jogo, quando Dragan Stojkovic anotou 2 x 0, foi o gol de número 600 nesses confrontos. Mais impressionante foi o fato que acompanhou o primeiro gol alemão nesse jogo; o gol contra anotado pelo jogador iugoslavo Sinisa Mihajlovic foi o segundo gol contra que a Iugoslávia, atualmente Sérvia, cedeu para a Alemanha na História das Copas, uma vez que o jogador Ivica Horvat já havia feito isso no confronto entre essas seleções na Copa de 1954, fato inédito e único até o momento. Outro gol iugoslavo também marcou número nessa Copa. O gol da vitória sobre os EUA, marcado pelo jogador Slobodan Komijenovic foi o gol de número 1.700 da História das Copas. A vitória do Irã sobre os EUA também marcou o primeiro confronto e a primeira vitória de uma seleção asiática sobre uma seleção da Concacaf na História das Copas. Além disso, o segundo gol dos iranianos, marcado pelo jogador Mehdi Mahdavikia aos 20 anos e 322 dias e que abriu 2 x 0 no placar, registrou o mais jovem jogador asiático a marcar gol em jogos de Copa do Mundo. Os EUA terminaram sua participação na última colocação da Copa, repetindo o ocorrido em 1934.

No Grupo G, a Tunísia, após ser derrotada nos dois primeiros jogos da Primeira Fase sem marcar gols, igualou a segunda pior marca de jogos consecutivos sem marcar gols, com 4 jogos, somados aos dois últimos da Copa de 1978, sua participação anterior. Essa marca é também a pior marca de um país africano na História das Copas. Na vitória da Romênia sobre a Inglaterra por 2 x 1, durante a segunda rodada do Grupo, o gol de empate, marcado pelo jogador inglês Michael Owen, aos 18 anos e 190 dias, registrou o terceiro mais jovem jogador a marcar gols em Copa do Mundo e o mais jovem entre os jogadores europeus.

Pelo Grupo H, a Argentina, num Grupo onde só enfrentou estreantes, passou com facilidade. O argentino Gabriel Batistuta, ao marcar três gols na vitória da Argentina por 5 x 0 sobre a Jamaica, igualou o feito de marcar ao menos três gols em dois jogos em Copa do Mundo, somando-se aos três gols anotados na vitória sobre a Grécia na Copa anterior. Apenas o húngaro Sándor Kocsis, em 1954, o francês Just Fontaine, em 1958, e Gerd Müller, em 1970, haviam conseguido tal marca. Diferente deles, Batistuta foi o único a atingir o feito em jogos de Copas distintas (1994 e 1998). Enquanto a Croácia avançou, Japão e Jamaica ficaram pelo caminho. O Japão, aliás, foi a quarta seleção asiática a registrar a marca negativa de 3 derrotas consecutivas desde a estreia, juntando-se à Coreia do Sul (1954 e 1986), Iraque (1986) e Emirados Árabes (1990). Por outro lado, o jogador japonês Shinji Ono, ao participar do jogo com a Jamaica, na última rodada do Grupo, tornou-se o mais jovem jogador asiático a jogar em uma Copa do Mundo, com 18 anos e 272 dias.

Partimos para as Oitavas enfrentando um time sul-americano, o Chile. Não demos chance ao adversário e vencemos por 4 x 1. Com três empates na Primeira Fase, além dessa derrota, o Chile igualou a marca negativa do México com 13 jogos consecutivos sem vitórias, desde a Copa de 1966 até a atual, a terceira pior marca da História das Copas.

A Itália enfrentou a Noruega pela terceira vez, nas três vezes em que a Noruega disputou uma Copa, e pela terceira vez venceu.

A França venceu o Paraguai na prorrogação por 1 x 0, gol marcado por Blanc, naquele que foi o primeiro Golden Goal ou Gol de Ouro da história da competição, regra introduzida nesta Copa – aquela que termina o jogo e dá classificação à equipe que marcar primeiro na prorrogação. Esse, também, foi o único gol em prorrogação dessa Copa, o segundo menor número de gols em prorrogação, assim com em 1958 e atrás de 1930, 1950 e 1974, quando não houve gols em prorrogação. Foi também, o 6º gol em prorrogação da França na História das Copas, igualando o recorde vigente que pertencia à Itália.

Argentina e Inglaterra fizeram o melhor jogo da Copa. Numa batalha empatada em 2 x 2 no tempo normal e na prorrogação, os argentinos venceram os ingleses nos pênaltis. O jogador argentino Gabriel Batistuta, autor do gol que inaugurou o placar, fez seu quarto gol de pênalti na História das Copas, igualando a marca do português Eusébio, em 1966, e do holandês Pieter Resenbrtink, em 1978. Diferente deles, porém, Batistuta alcançou essa marca em duas Copas, convertendo em gol os pênaltis contra Grécia e Romênia, em 1994, e na Primeira Fase desta Copa, contra a Jamaica, além do já citado gol contra os ingleses.

No confronto entre Alemanha e México, vencido pelos alemães por 2 x 1, ocorreu o 100º gol sofrido pelo selecionado europeu, primeiro país, aliás, a passar essa marca negativa. O gol de Luiz Hernandez, ocorrido no segundo tempo da partida carimbava essa marca para os alemães. Com esse gol, Hernandez igualou a marca do jogador estadunisense Bert Patenaude, em 1930, como maior artilheiro de uma seleção da Concacaf em uma Copa, com 4 gols. O confronto também igualou o número de repetições com a participação de uma seleção não pertencente ao eixo Europa/América do Sul, novamente com o México, assim como aconteceu na Copa de 1962 com o selecionado mexicano e o Brasil, com 3 jogos. Com a derrota, interrompeu-se a melhor sequência de invencibilidade de uma seleção da Concacaf em Copas. O México superou sua própria marca, considerando os dois empates da Primeira Fase de 1994 e o empate nas Oitavas de Final dessa mesma Copa, somados à vitória e aos dois empates na Primeira Fase da Copa atual, totalizando 6 jogos de invencibilidade. Além disso, a derrota mexicana deixou a equipe, pela quinta vez nas Copas, em 13º lugar, maior repetição de colocação de um país. Quanto aos alemães, o jogador Lothar Matthaus, ao ser advertido com cartão amarelo, tornou-se o jogador com mais cartões amarelos em Copas do Mundo, com 5 advertências, tendo sua marca superada duas Copas mais tarde por um brasileiro, o jogador Cafu.

E a estreante Croácia vencia a Romênia por 1 x 0 e chegou às Quartas de Final.

Nas Quartas de Final, o nosso adversário era a temida Dinamarca. Após um sufoco muito grande, onde chegamos a estar perdendo o jogo devido às falhas de nossa zaga, viramos no final e vencemos por 3 x 2. O gol que empatou o jogo para o Brasil em 1 x 1, do atacante Bebeto, registrou o mais velho jogador brasileiro a marcar gol em jogos de Copa do Mundo, aos 34 anos e 138 dias.

A Holanda desclassificou a Argentina ao vencer por 2 x 1 no jogo em que os argentinos marcaram seu 100º gol em Copas, através de Cláudio Lopez.

França e Itália protagonizavam um 0 x 0 nervoso, tanto no tempo normal como na prorrogação, vencido, nos pênaltis pelos franceses. Era a 8ª vez que italianos precisavam de um tempo extra em um jogo de Copa do Mundo. E era a segunda vez que a Itália deixava uma Copa de forma invicta, igualando a marca do Brasil em 1986.

E a surpresa croata despachou a Alemanha num incrível 3 x 0. Lothar Mathaus, o meio-campista alemão, despediu-se do torneio igualando o recorde do goleiro mexicano Carbajal, ambos disputando 5 Copas. Seu feito, porém, foi um pouco superior; Mathaus tornou-se o jogador recordista em partidas disputadas em Copa, com 25 participações, além de igualar o feito recorde até então de 15 vitórias em Copas, pertencente a outro jogador alemão, Wolfgang Overath, atualmente a terceira melhor marca.

Único não europeu e única seleção com título nas Semifinais, o Brasil enfrentou a forte Holanda, naquele que foi o melhor jogo dos brasileiros na Copa. Não vencemos. Começamos na frente, com Ronaldo, o “fenômeno”, mais deixamos empatar em 1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, classificando nos pênaltis, num jogo extremamente disputado. Do outro lado, num jogo não menos atraente, os franceses chegaram pela primeira vez a uma final de Copa do Mundo ao derrotar a Croácia por 2 x 1.

Entraríamos em campo para a Final, em Saint Denny, pela segunda vez na história, contra os donos da casa, já que fizemos isso também em 1958, contra a Suécia. Era, porém, a primeira Final envolvendo o atual campeão e o país-sede. Esta foi a sexta Final envolvendo um país já campeão e uma seleção ainda sem títulos.

Um dia antes, na disputa de 3º lugar, a Croácia venceu a Holanda por 2 x 1, igualando o feito de Portugal, em 1966, quando estreou em Copas e chegou à mesma colocação, tendo o artilheiro da competição, Suker, com 6 gols, encabeçando a lista de goleadores deste torneio. Se por um lado Portugal teve um artilheiro, Euzébio, com 9 gols em 6 jogos e o melhor ataque daquela Copa, a Croácia chegou ao terceiro posto numa Copa com o dobro de participantes, 32, contra 16 em 1966, e com 7 jogos em disputa. Quanto ao artilheiro, ressalta-se a coincidência de ter sido a sexta Copa consecutiva em que o artilheiro terminou com 6 gols, o que ocorreu desde 1978. Outra curiosidade envolvendo a seleção da Croácia foi a de que o jogador Prosineck foi o primeiro a marcar gols por duas seleções diferentes em Copas. Além do gol marcado para os croatas nesta Copa, em 1990, na Itália, quando a Iugoslávia ainda não havia se separado em quatro nações distintas, uma delas a Croácia, Prosineck marcou para os iugoslavos.

Horas antes do início da Final, uma notícia assustou os torcedores brasileiros. O atacante Ronaldo Fenômeno havia sofrido uma convulsão e teria sido levado a um hospital, em Paris. Sua escalação para o jogo havia sido descartada. Na hora do jogo, porém, após enormes desencontros de informações a respeito do fato, Ronaldo entra em campo junto com os outros dez titulares para aquela partida, visivelmente abatido, assim como todos os jogadores da seleção brasileira. Esse momento nebuloso da passagem do Brasil pela Copa até hoje não foi convincentemente explicado.

No jogo, a apatia do selecionado brasileiro estava tão estampada em seus gestos quanto a cor amarela estava na camisa. Nervosos e cabisbaixos, os brasileiros viram o sonho do penta começar a desmoronar numa cabeçada do craque francês Zidane, ainda no primeiro tempo: 1 x 0 para a França. Com uma marcação forte, os franceses encerraram essa etapa do jogo em vantagem no marcador. Veio o segundo tempo, e o Brasil continuava atordoado. Em poucos minutos, novamente Zidane balançou as redes brasileiras, estabelecendo 2 x 0. Sem se encontrar em campo, a seleção jogava de forma desordenada e inconstante. Nos minutos derradeiros do jogo, através de um contra-ataque, o jogar Petit dava o golpe fatal às pretensões brasileiras, tocando na saída do goleiro Taffarel e decretando números finais para a partida: França 3 x 0 Brasil. Além da perda do título, o Brasil deixou o campo depois da pior derrota de sua história em Copas até então. Antes desse jogo, a seleção brasileira nunca havia perdido por mais de dois gols de diferença. Além disso, por ter se classificado para a Final na disputa de pênaltis, o Brasil igualava pela quarta vez a sua 2ª pior marca até então de duas partidas consecutivas sem vitórias em Copas, atualmente 3ª pior marca. Por outro lado, o goleiro Taffarel e o médio-volante Dunga encerraram suas participações em Copas com a melhor marca de jogos em Copas pela seleção até então, cada um com 18 jogos. Atualmente, ocupam a terceira posição nesse quesito. E o brasileiro Denílson, com apenas 20 anos e 322 dias, tornou-se o terceiro mais jovem jogador brasileiro a disputar uma Final de Copa do Mundo, ao entrar no segundo tempo do jogo.

A França, por sua vez, ganhou o primeiro título de sua história, jogando pela segunda vez em casa e igualando a maior diferença de gols em uma Final, conquistada pelo Brasil em 1958 e 1970, com três gols à frente no marcador.. Esse título, aliás, foi o segundo conseguido por uma seleção não campeã sobre uma seleção já campeã anteriormente dentre sete Finais com essa situação de confronto. O primeiro caso foi em 1966, coincidentemente, com a seleção da casa, a Inglaterra. Além do título, a França saiu como o melhor ataque da Copa, com 15 gols, igualando a Argentina e Brasil por alcançar três Copas com essa marca, repetindo 1958 e 1982. Brasil e Alemanha superariam esse feito em Copas posteriores.

Encerrava-se o século com um novo integrante no Grupo dos Campeões Mundiais.