História da Copa do Mundo de 2018


Rússia, 2018 – Uma Copa em dois continentes: a hegemonia europeia

Pela primeira vez na história, a Copa do Mundo foi realizada em dois continentes, embora tenha acontecido em um único país. A Rússia, cujo território é o maior dentre todas as nações do planeta, tem parte de suas terras na Europa, onde se encontram 11 dos 12 estádios da Copa, e outra parte, na Ásia, onde está o estádio restante.

Para essa edição foram inscritos um recorde de 209 países, que se tornaria o maior número de países participantes das eliminatórias, não fosse o fato da desistência da africana Zimbábue e da asiática Indonésia, igualando o número de interessados da Copa passada, com 207 seleções disputando as 31 vagas, já que a anfitriã Rússia já tinha vaga garantida.

Na disputa de vagas pela Europa, uma enorme surpresa. A poderosa e tradicional tetracampeã Itália, após terminar a fase de grupos em 2º lugar, atrás da Espanha, foi derrotada na repescagem pela Suécia e acabou fora da Copa, algo que não acontecia há 60 anos, desde a Copa de 1958, depois de 14 participações seguidas. A Suécia, aliás, havia desclassificado na fase de grupos outra seleção poderosa, a Holanda, que havia sido 3º lugar e vice-campeã, nas duas últimas Copas, respectivamente em 2014 e 2010. Juntavam-se à Rússia as seleções da Alemanha, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Espanha, França, Inglaterra, Polônia, Portugal, Sérvia, Suécia e Suíça, além da estreante Islândia. Pela América do Sul, além do Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai e, após 40 anos ausentes, o Peru, se classificaram para a competição. A Concacaf também reservava uma surpresa, deixando de fora a seleção dos EUA. Classificaram-se para a Copa a Costa Rica, o México e o estreante Panamá. Pela Ásia, Arábia Saudita, Austrália (que atualmente não concorre mais pela Oceania), Coreia do Sul, Irã e Japão formaram os participantes do continente. Já a África levou à Copa as seleções do Egito, de Marrocos, da Nigéria, de Senegal e da Tunísia.

O Brasil chegou à Copa com poucas mudanças em relação ao time que jogou na Copa em nossas terras, mas com um novo técnico no lugar de Luis Felipe Scolari. O comandante agora era Tite. A seleção se classificou em primeiro lugar nas eliminatórias até com uma certa folga. No entanto, chegou para disputar a Copa da mesma forma que na anterior, sem empolgar muito, embora trouxesse na bagagem a primeira medalha de ouro para o futebol masculino brasileiro em uma Olimpíada, realizada em 2016 aqui no Brasil. O time foi comandado em campo pelo jogador Neymar e derrotou a atual campeã mundial Alemanha, apagando um pouco o vexame imposto pelos alemães aos brasileiros na Copa passada.

Pelo grupo do Brasil, o Grupo E, nossa seleção teve a chance de superar a Suíça no histórico de confronto em Copas, já que haviam se enfrentado apenas uma vez, em 1950 aqui no Brasil, no empate por 2 x 2 na Primeira Fase. Mas o resultado foi um novo empate, desta vez por 1 x 1. Além da Suíça, que está rigorosamente igual ao Brasil em confrontos, outras 6 seleções têm retrospecto melhor sobre os brasileiros: Holanda, Hungria, Portugal, França, Noruega e Alemanha, esta última, pelo saldo de gols. O empate também registrou a marca negativa de 3 jogos consecutivos sem vitórias, uma vez que o Brasil havia perdido em casa para a Alemanha, nas Semifinais, e para a Holanda, na Disputa pelo 3ºlugar. Essa foi a segunda pior marca da história de nossa seleção, atrás apenas da sequência de 4 jogos registrada no final da Copa de 1974 e começo da Copa de 1978. Pela segunda rodada, a vitória da Suíça por 2 x 1 sobre a Sérvia marcou o êxito de número 200 de uma seleção europeia sobre outra na História das Copas. Depois do tropeço na primeira rodada, o Brasil venceu a Costa Rica e a Sérvia e terminou em primeiro do grupo, passando para as Oitavas de Final, juntamente à Suíça. A vitória por 2 x 0 sobre a Sérvia foi a segunda repetição de placar dos brasileiros, assim como já havia acontecido com a Rússia por esse mesmo placar. A primeira vitória brasileira por 2 x 0 foi em 1950, na época, sobre a Iugoslávia, antes da separação da nação dos Bálcãs. Também foi o quinto confronto entre ambas as seleções na História das Copas. No gol que deu números finais ao jogo, o jogador brasileiro Thiago Silva tornou-se o segundo mais velho dentre os jogadores brasileiros a marcar um gol em Copas, aos 33 anos e 278 dias.

Pelo Grupo A, a Rússia começou goleando a Arábia Saudita por 5 x 0, mas sofreu sua pior derrota na História das Copas na última partida do grupo, ao ser derrotada por 0 x 3 para o Uruguai. Os anfitriões russos alcançaram a classificação, apesar da derrota, ao lado do próprio Uruguai. Na última rodada, o jogo entre os desclassificados Arábia Saudita e Egito acabou em 2 x 1 para os sauditas. O gol da vitória da Arábia Saudita saiu em cobrança de pênalti do jogador Salman Al-Faraj, o 4º gol saudita a ser marcado dessa forma, um recorde para países asiáticos. A Arábia Saudita quebrou uma sequência de 4 jogos sem marcar pontos e sem marcar gols, somando-se os dois primeiros jogos dessa Copa e os dois últimos jogos da Copa de 2006, igualando o recorde negativo para países asiáticos no quesito pontos, pertencente às duas Coreias, a do Norte e do Sul, e a segunda posição no geral e primeira para países asiáticos no quesito gols. Já o Egito encerrou sua participação sem marcar um ponto sequer. Somado ao último jogo da Copa de 1990, o Egito igualou a segunda marca negativa de jogos sem marcar pontos para países africanos, com 4 jogos, atrás apenas de Camarões, com 7 jogos. O goleiro egípcio Essam El-Hadary, no entanto, deixou a Copa com a marca de jogador mais velho a participar de uma partida de Copa do Mundo, aos 45 anos e 161 dias, superando o goleiro colombiano Farid Mondragon, que havia alcançado essa marca na Copa passada.

Pelo Grupo B, um excelente jogo entre a atual campeã europeia, Portugal, e a penúltima campeã mundial, Espanha, terminou em 3 x 3, o segundo maior placar para empates e que já havia ocorrido em outras quatro ocasiões, perdendo para o placar de 4 x 4, ocorrido em 1954 e 1962. O português Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo à época, fez os três gols de sua seleção na partida, que começou abrindo o placar de pênalti, desempatou no final do primeiro tempo e empatou novamente a partida próximo ao final do jogo, depois de sofrer a virada dos espanhóis. Se considerarmos 3 pontos por vitória desde o início das Copas, a Espanha alcançou os 100 pontos nesse empate. Cristiano Ronaldo ainda marcou mais um gol nesta Copa e, com os gols marcados, igualou o recorde de gols em mais Copas, ao anotar gols em todas as 4 Copas desde 2006, fato alcançado anteriormente pelo Rei Pelé (1958 a 1970), e pelos alemães Uwe Seeler (1958 a 1970) e Miroslave Klose (2002 a 2014). Mas a chave não foi tão fácil para essas seleções. Embora tenham vencido seus confrontos na segunda rodada, na última rodada, ambas empataram seus jogos e quase não conseguiram a classificação. A Espanha conseguiu o empate com Marrocos nos acréscimos. O jogo da segunda rodada entre Irã e Marrocos foi vencido pelos iranianos por 1 x 0 através do gol contra do jogador marroquino Aziz Bouhaddouz, tornando o Irã a primeira seleção asiática a ser beneficiada com um gol contra na História das Copas.

Pelo Grupo C, ainda se considerarmos 3 pontos por vitória desde o início das Copas, a França ultrapassou os 100 pontos na segunda rodada, na vitória sobre o Peru por 1 x 0. A França também protagonizou, junto à Dinamarca, o único 0 x 0 desta Copa, uma marca impressionante, visto que nas últimas três Copas, a marca foi de 7 empates com este placar, a pior marca junto à 1982. Além disso, foi a menor marca desde 1954, quando não ocorreu nenhum 0 x 0, assim como nas cinco Copas anteriores. O australiano Mile Jedinak marcou os dois gols de sua seleção na Copa, igualando o feito de outros três jogadores da Oceania como mais gols em uma edição. Ambos os gols foram em cobrança de pênaltis, o que garantiu a Jedinak duas marcas importantes: o único jogador de uma seleção da Oceania a marcar dois gols de pênalti em uma mesma Copa e o quarto jogador a atingir a marca de 3 gols de pênaltis em Copas, a segunda melhor marca da História das Copas, visto que já havia marcado um gol dessa forma em 2014. Também registrou a melhor marca de uma seleção da Oceania em gols de pênaltis, com 4 gols marcados, visto que Carig Moore também havia feito um gol de pênalti em 2014. O primeiro gol de Jedinak, empatando o jogo em 1 x 1 na derrota por 2 x 1 para a França também foi o 7º gol de pênalti sofrido pelos franceses, igualando a Holanda como seleção europeia que mais sofreu gols de pênaltis e também a terceira marca no geral. Nesse mesmo jogo, um pouco antes do gol do australiano, o jogador francês Antoine Griezmann também abriu o placar com um gol de pênalti, tornando a Austrália a seleção da Oceania com mais gols sofridos de pênaltis na História das Copas, com 3 gols. E o gol que encerrou o placar para os franceses foi um gol contra do jogador australiano Aziz Behich, também colocando a Austrália na incômoda posição de seleção da Oceania com mais gols contras em Copas, 2 no total. Além disso, a derrota para os franceses na estreia também registrou a pior marca negativa para uma seleção da Oceania no quesito jogos sem marcar pontos. Considerando as três derrotas da Primeira Fase de 2014, os australianos somaram 4 jogos sem pontuar. Na última rodada da Primeira Fase, na vitória do Peru por 2 x 0 sobre a Austrália, o jogador australiano Tim Cahill entrou em campo para registrar sua 4ª participação em Copas, desde 2006 até a Copa atual, além de participar de 9 jogos, ambos recordes para seleções da Oceania. Também registrou o recorde de mais velho jogador de uma seleção da Oceania a entrar em campo em uma Copa do Mundo, aos 38 anos e 203 dias.

Pelo Grupo D, logo na primeira rodada, na vitória da Croácia por 2 x 0 sobre a Nigéria, o gol que deu números finais ao jogo, do croata Luka Modric, foi o 3º gol de pênalti sofrido pela Nigéria na História das Copas, igualando Camarões, Senegal e África do Sul como seleção africana que mais sofreu gols de pênaltis em Copas. Também foi o gol de número 2.400 na História das Copas. No outro jogo, entre Argentina e Islândia, os jogadores argentinos Lionel Messi e Javier Mascherano alcançaram a marca de participar em jogos de 4 Copas distintas, desde 2006 a 2018, tornado-se o nono e o décimo jogador sul-americano a atingir tal marca. Argentina e Nigéria também alcançam o quinto confronto entre suas seleções, aumentando a marca de confrontos repetidos para um país não pertencente ao eixo Europa/América do Sul, superando a marca que também havia entre brasileiros e mexicanos de quatro confrontos e que havia sido igualada dias antes pelo confronto Alemanha e México. Brasil e México ainda igualariam novamente em cinco confrontos no jogo das Oitavas de Final desta Copa. Esse confronto também marca a quinta vitória da Argentina sobre os africanos, igualando o número de vitória do Brasil sobre a Suécia, mas sendo o primeiro a ocorrer no quinto confronto consecutivo. Além disso, igualou a segunda melhor marca de invencibilidade em confrontos, atrás apenas da citada invencibilidade brasileira contra os suecos, com sete jogos (1938, 1950, 1958, 1978, 1990 e dois jogos em 1994), mas na mesma marca da invencibilidade também do Brasil no confronto contra a antiga Tchecoslováquia (dois jogos em 1938, dois jogos em 1962 e 1970), da Itália contra a própria Argentina (1974, 1978, 1982, 1986 e 1990) e da mesma Itália contra a Alemanha (1962, 1970, 1978, 1982 e 2006). Também foi quinto confronto a se repetir por 3 Copas consecutivas. A estreante Islândia conseguiu seu primeiro gol e seu primeiro ponto na História das Copas no primeiro jogo dela neste grupo, no empate em 1 x 1 contra a Argentina. Ainda sobre a Nigéria, na vitória de 2 x 0 sobre a Islândia, Ahmed Musa igualou sua própria marca da Copa passada e de outros oito jogadores africanos ao fazer 2 gols em um mesmo jogo, o recorde africano até então.

No jogo de abertura do Grupo F, a surpreendente vitória do México por 1 x 0 sobre a Alemanha marcou o quarto confronto repetido com a participação de uma seleção fora do eixo Europa/América do Sul, igualando Argentina e Nigéria, mas que seria superada por essas duas seleções ainda na Primeira Fase dessa Copa, como já comentado. A participação nesse jogo do jogador mexicano Rafa Marquez registrou sua 5ª participação em Copas, entrando em campo nos jogos das Copas de 2002, 2006, 2010 e 2014, além desta. Marquez tornou-se o 3º jogador a atingir tal marca na História das Copas, ao lado de seu compatriota, o goleiro Antonio Carbajal, e do alemão Lothar Mathäus, justamente da seleção adversária nesse jogo. Mais do que isso, com 19 jogos em Copas e 8 vitórias no curriculum, Rafa Marquez se tornou o jogador da Concacaf que mais pisou em campo e mais venceu jogos na História das Copas. No confronto entre as seleções europeias, o quinto entre alemães e suecos na História das Copas, o primeiro gol, marcado por Marco Reus da Alemanha na virada sobre a Suécia foi o 10º gols dos alemães sobre os suecos na História das Copas. Ainda na segunda rodada, na vitória do México por 2 x 1 sobre a Coreia do Sul, o gol de abertura do jogo foi marcado pelo jogador mexicano Carlos Alberto Vela, em cobrança de pênalti, o 10º gol mexicano marcado dessa forma na História das Copas, a melhor marca entre seleções da Concacaf e a quarta melhor no geral. Essas 2 vitórias consecutivas dos mexicanos igualaram o recorde de seleções da Concacaf em que o México já figura em outras três oportunidades, 1970, 1986 e 2002. Por outro lado, na última rodada, o segundo gol sueco na derrota do México por 3 x 0 também foi marcado de pênalti pelo jogador Andreas Granqvist, tornando os mexicanos a seleção que mais sofreu gols dessa forma pela Concacaf, com 5 gols sofridos. Aliás, esse gol também foi marcante por ser o terceiro caso de repetição de gols marcados em cobrança de pênalti em um confronto, uma vez que o jogador sueco Nils Liedholm também havia feito o segundo gol da Suécia em cobrança de pênalti na vitória pelo mesmo placar de 3 x 0 sobre os mexicanos sessenta anos atrás, em 1958. Além disso, o terceiro gol foi marcado contra, pelo mexicano Edson Álvares, tornando o México recordista em gols contra em Copas, com 4 gols, em 1930, 1954 e 1970, além desta Copa. Ainda na última rodada, a Coreia do Sul, que se tornou a primeira seleção asiática a alcançar 10 participações em Copas, venceu por 2 x 0 a Alemanha, com o segundo gol marcado pelo jogador Son Heung-Min, seu 2º na Copa, tornando-se o oitavo jogador asiático a conseguir essa marca em uma única Copa. Esse placar eliminou a atual campeã na Primeira Fase, assim como aconteceu com a França (2002), a Itália (2010) e a Espanha (2014). Foi a terceira vez seguida que tal eliminação aconteceu e a quarta dentre as cinco Copas deste século, em que só o Brasil não sofreu tal decepção, em 2006. Foi, também, a pior participação da seleção alemã em uma Copa, com o 22º lugar. Antes desse fracasso, a pior classificação da seleção alemã era um 10º lugar em 1938. Por outro lado, a Coreia do Sul igualou sua maior vitória em Copas, ocorrida anteriormente contra a Polônia, em 2002, e a Grécia, em 2010, mas não foi suficiente para alcançar a classificação para as Oitavas de Final, que ficou com Suécia e México.

Pelo Grupo G, se considerarmos 3 pontos por vitória desde o início das Copas, a Inglaterra ultrapassou os 100 pontos na vitória sobre a Tunísia por 2 x 1. Na segunda rodada, a Inglaterra alcançou a maior goleada desta Copa ao vencer o Panamá por 6 x 1, jogo em que Harry Kane fez 3 gols, ajudando em sua trajetória rumo à artilharia da Copa, além de ser o oitavo jogador igualar o recorde ao marcar 2 gols de pênaltis em uma mesma partida, fato que não ocorria desde 1994. Foi, aliás, a 50ª vitória de uma seleção europeia sobre uma seleção da Concacaf na História das Copas. O jogador do Panamá, Felipe Baloy, autor do único gol de sua seleção no jogo, tornou-se o 4º mais velho jogador a marcar gol em Copas, aos 37 anos e 120 dias. Também nessa rodada, outro jogo alcançou o maior número de gols em uma partida desta Copa, na goleada de 5 x 2 da Bélgica sobre a Tunísia, recorde este também igualado nas Oitavas de Final. O gol de abertura desse jogo, marcado pelo jogador belga Eder Hazard em cobrança de pênalti levou a Tunísia a se tornar a quinta seleção africana a igualar a marca de 3 gols sofridos dessa forma em Copas, fato ocorrido dias antes com a Nigéria. O jogo Tunísia 2 x 1 Panamá marcou o 10º encontro entre africanos e seleções da Concacaf. O Panamá estreou com a última posição na Copa, algo já acontecido em 7 outras ocasiões com estreantes além da primeira Copa, mas que não acontecia desde a última Copa com a participação de 24 seleções, em 1994, com a Grécia. Já a Tunísia, com a vitória na última rodada, quebrou uma sequência negativa de 13 jogos sem vitória, igualando México e Chile na terceira posição dessa marca na História das Copas e a pior para um país africano.

Pelo Grupo H, a vitória do Japão sobre a Colômbia transformou-se no primeiro êxito de uma seleção asiática sobre uma sul-americana. O Japão também marcou o 10º de uma seleção asiática sobre uma seleção sul-americana, com Yuva Osako, ao dar números finais ao jogo: 2 x 1. Já o jogador polonês Thiago Cionek, ao marcar um gol contra na abertura do placar para Senegal no jogo vencido pelos senegaleses por 2 x 1, tornou a seleção de Senegal a segunda seleção africana a ser beneficiada por um gol contra em Copas, ao lado da Nigéria. Além disso, Japão e Senegal terminaram com a mesma pontuação, saldo de gols e gols pró e a classificação foi decidida pelo Fair Play, classificando o Japão, que tinha menos cartões amarelos. Essa classificação, aliás, marcou a seleção japonesa, já que se classificou pela terceira vez para a segunda fase, algo ainda inédito para seleções asiáticas. Além de terminarem iguais, o empate em 2 x 2 no jogo entre estas seleções igualou o recorde de gols em um empate de uma seleção da Ásia, situação já ocorrida em outras cinco Copas. O jogador senegalês Moussa Wagué, ao desempatar em 2 x 1 o jogo, tornou-se o mais jovem jogador africano a marcar gol em Copas, aos 19 anos e 264 dias. Mais do que isso, o gol que deu números finais ao jogo, no empate japonês, foi o 4º gol de Keisuke Honda, tornando-se o maior artilheiro asiático em Copas e igualando com Sami Al-Jaber, da Arábia (1994, 1998 e 2006) e Park Ji-Sung, da Coreia do Sul (2002 a 2010), por marcar gols em 3 Copas diferentes (2010 a 2018). Outro gol importante nos jogos do Japão nesta Copa, no último jogo da chave, a já desclassificada Polônia venceu o Japão por 1 x 0 e o gol do polonês Jan Bednarek foi o de número 2.500 em Copas.

Decididas as classificações, as Oitavas de Final trouxeram novamente a hegemonia da Europa, uma vez que 10 das 16 seleções classificadas pertencia ao continente europeu, além de 4 seleções sul-americanas, mais Japão e México. Desde 2006, na última Copa realizada na Europa antes dessa, os europeus não conseguiam tal marca. Também era a primeira vez desde 1982, quando a competição passou a ter a fase Oitavas de Final, que nenhuma seleção africana conseguiu se classificar para a fase de mata-mata.

A primeira partida das Oitavas de Final foi espetacular. A França venceu a Argentina por 4 x 3, na terceira partida com essa marca de gols nesta Copa. Os franceses abriram o placar com um gol de pênalti, marcado pelo jogador Antoine Griezmann que já havia marcado um gol dessa maneira contra a Austrália, na Primeira Fase. Foi o 12º gol de pênalti marcado pela França na História das Copas, a segunda melhor marca, atrás apenas da Espanha, com 15 gols em cobrança de pênaltis. Os argentinos registraram a segunda pior marca em gols sofridos na cobrança de pênaltis, com 8 gols, atrás apenas do Brasil, que já havia sofrido 11 gols de pêntalti. Mas os franceses acabaram sofrendo a virada para a Argentina com gols próximo ao final do primeiro tempo e no início do segundo tempo. Sem se abater, alcançaram o empate em menos de 10 minutos e viraram novamente o jogo com Mbappé, que ainda faria o quarto gol em menos de 20 minutos após sofrer a virada. Aliás, Mbappé se tornou o segundo jogador com menos de 20 anos a marcar dois gols em uma mesma partida, marcas pertencentes ao Rei Pelé, em 1958, com três gols na vitória contra a própria França por 5 x 2 e dois gols na final, nos 5 x 2 sobre a Suécia. Nos acréscimos, a Argentina conseguiu diminuir a vantagem francesa, mas era tarde demais para alcançar o empate.

O Brasil enfrentou e venceu o México por 2 x 0 e estabeleceu uma nova marca de não sofrer gol do adversário em todos os cinco confrontos da História das Copas, além é claro da invencibilidade. O placar de 2 x 0 também repetiu a vitórias brasileira sobre os mexicanos em 1962, tornando-se o terceiro placar a se repetir em confrontos brasileiros, o terceiro com o resultado de 2 x 0 e o segundo nesta Copa. Este jogo também igualou a marca alcançada pelos nigerianos contra os argentinos ao se tornar o quinto confronto com a participação de uma seleção não pertencente ao eixo Europa/América do Sul, conforme comentado sobre o jogo Argentina e Nigéria na Primeira Fase. O jogador mexicano Rafa Marquez registrou mais uma marca importante em sua passagem pelas Copas, a de jogador mais velho da Concacaf a participar de uma partida, aos 39 anos e 140 dias. Passávamos às Quartas de Final novamente.

No mesmo dia do jogo brasileiro, a Bélgica venceu o Japão por 3 x 2 em outro empolgante jogo, com uma virada espetacular após sofrer 0 x 2 no início do segundo tempo. O segundo gol japonês, marcado pelo jogador Takashi Inui, foi também seu 2º gol na Copa, igualando o sul-coreano Son Heung-Min, que alcançou essa marca na Primeira Fase, e se tornando um dos nove jogadores asiáticos a atingir essa mesma marca em uma úncia Copa.

A anfitriã Rússia, além de Inglaterra e Croácia alcançaram suas classificações nas disputas de pênaltis, enquanto Uruguai e Suécia venceram seus jogos. No empate entre Rússia e Espanha, o gol de abertura do placar para os espanhóis foi um gol contra do jogador russo Sergey Ignashevic, o segundo gol contra da seleção russa na Copa, que já havia anotado para os uruguaios através do jogador Denis Cheryshev na Primeira Fase, igualando a marca negativa da seleção da Bulgária de 1966 como as únicas seleções a cederem dois gols contra aos adversários em um mesmo torneio. A Espanha, derrotada nos pênaltis pela Rússia, e a Dinamarca, também derrotada pela Croácia nos pênaltis, tornaram-se a 19ª e 20ª seleções a serem desclassificadas de uma Copa de forma invicta. Os espanhóis, aliás, alcançaram essa marca pela segunda vez na História das Copas, igualando as marcas de Brasil, Itália e Inglaterra.

Nas Quartas de Final, o Brasil enfrentou o adversário que havia vencido nas Oitavas de Final em seu quinto título. No entanto, a seleção belga era mais bem preparada que aquela de dezesseis anos atrás e a seleção brasileira não tinha o mesmo brilho da pentacampeã. O resultado foi 2 x 1 para a Bélgica, com a desclassificação do selecionado brasileiro. O gol de abertura de placar para os belgas foi marcado contra pelo jogador brasileiro Fernandinho, o 2º gol contra sofrido pelo Brasil na História das Copas, uma vez que isso já havia acontecido no jogo de abertura de 2014, um recorde negativo para seleções sul-americanas. Em 19 Copas o Brasil nunca havia feito gol contra, mas acabou cometendo esse erro em duas Copas consecutivas. Por ter feito 8 gols nesta Copa, enquanto alemães fizeram apenas 2, a seleção brasileira reassumiu o posto de maior goleadora da história das Copas, com 229 gols, enquanto a Alemanha detém a marca de 226. Ambas as seleções têm o recorde de 109 jogos.

Na classificação da Inglaterra, ao bater a Colômbia nos pênaltis após o resultado de 1 x 1 no tempo normal e prorrogação, o jogador Harry Kane abriu o placar no tempo normal também com um gol em cobrança de pênalti, tornando-se o quinto jogador a alcançar a marca de 3 gols de pênaltis em uma única edição de Copa do Mundo, a segunda melhor marca da História das Copas. Com esse gol de pênalti, a Inglaterra igualou a terceira marca de seleção com mais gols marcados em cobrança de pênalti, ao lado da Alemanha, com 11 gols.

Nos outros jogos, a anfitriã Rússia também caiu, sendo derrotada nos pênaltis pela Croácia, que se classificou pelo segundo jogo consecutivo desta forma, enquanto que a França venceu, com uma certa facilidade, outro sul-americano, o Uruguai, e chegou às Semifinais. A Croácia igualou o feito de sua estreia ao alcançar as Semifinais. Fato curioso nessa fase é que todos os classificados fizeram dois gols em seus jogos.

Pela quinta vez na História das Copas, apenas seleções europeias se classificaram para as Semifinais. Veríamos duas seleções já campeãs enfrentando duas seleções ainda sem títulos. Em dois jogos de alto nível técnico, França e Croácia alcançaram a tão desejada classificação para a final do torneio, repetindo um confronto entre uma seleção já campeã e uma seleção ainda sem títulos, como aconteceu pela última vez com a própria França, em 1998, só que, daquela vez, na situação oposta. Ingleses e belgas tinham que se contentar com o fato de voltarem a disputar uma Semifinal depois de, respectivamente, 28 e 32 anos. A Croácia, ao se classificar batendo os ingleses na prorrogação, igualou Bélgica, em 1986, a própria Inglaterra, em 1990, e a Argentina, na Copa passada, ao participar de 3 prorrogações durante a Copa. No entanto, diferente das demais, a Croácia saiu vitoriosa em todas, seja vencendo o jogo no tempo extra, seja vencendo nos pênaltis. A França enfrentou e venceu pela terceira vez a Bélgica na História das Copas e se garantiu na Final no tempo normal, assim como em todas os jogos das fases decisivas.

No dia anterior à grande decisão, entraram em campo Bélgica e Inglaterra para definirem quem ficaria com o 3º posto desta Copa. Em mais um jogo de boa técnica, os belgas venceram os ingleses e alcançaram sua melhor posição em Copas, superando o 4º lugar de 1986. Levaram também, o título de melhor ataque da competição. Coube aos ingleses o título de artilheiro do torneio, com Harry Kane marcando 6 gols, e a repetição de sua segunda melhor marca da história, com um 4º lugar, assim como em 1990.

Numa Copa cheia de recordes e com um nível técnico elevado, a final não poderia ser diferente. França e Croácia, a nona decisão envolvendo duas seleções europeias, realizaram o jogo de número 900 em Copas, numa partida de perder o fôlego e cheia de novas marcas. Era a 9ª decisão entre duas seleções europeias em 21 Copas. Apesar da pressão inicial da Croácia, foi a França quem abriu o placar, com um gol que registrou uma nova marca. Num lance de bola parada, o atacante croata Mandzuikic tocou de cabeça na bola, jogando-a contra suas próprias redes, algo inédito em uma Final de Copa do Mundo. Nunca antes um jogador havia marcado gol contra numa partida final. Esse gol foi o 6º gol em que franceses foram beneficiados por gol contra em Copas, um recorde na História das Copas. Sem se intimidar com o gol, os croatas continuaram no ataque e conseguiram o empate com o excelente Perisic. Mas o mesmo Perisic acabou tocando a mão na bola dentro da área antes do final do primeiro tempo. No momento desse lance, o juiz não notou o toque, mas foi avisado pelos árbitros de vídeo, e esse foi o primeiro pênalti assinalado pelo VAR em uma final de Copa do Mundo. Final de primeiro tempo: França 2 x 1 Croácia.

Tudo levava a crer que a Croácia novamente pressionaria a França no segundo tempo, mas o gol do francês Pogba, antes dos 15 minutos do segundo tempo foi um balde de água gelado nos croatas, agravado 6 minutos depois pelo gol do garoto Mbappe, gol este que levou o jovem francês a se tornar o segundo mais jovem jogador a marcar gol em uma final de Copa do Mundo, perdendo apenas para o brasileiro Pelé, em 1958, ambos os únicos até então com idade inferior a 20 anos. Com apenas 19 anos e 207 dias, Mbappe também alcançou a marca de terceiro mais jovem jogador a jogar e vencer uma Copa do Mundo. Antes de encerrar o jogo, o goleiro francês Lloris entregou um gol aos croatas ao tentar driblar o atacante Mandzukic em uma bola recuada. Resultado, Mandzukic tocou na bola e esta foi parar nos fundos da rede francesa. A Croácia ainda tentou se animar com o gol, mas os franceses, bem postados, levaram o resultado até o final. O placar de 4 x 2 para a França também marcou um feito importante, igualando-se às finais de 1930, 1938 e 1966, com o segundo maior placar em finais de Copa do Mundo, apenas inferior, novamente, ao da vitória do Brasil em 1958.

Foi a melhor participação da Croácia em uma Copa até então, superando sua surpreendente estreia em Copas, quando alcançou o 3º lugar em 1998, na própria França, adversária desta Final e que também foi a adversária da Croácia na Semifinal e se sagrou campeã naquele ano.

Pela França, além do título, o técnico francês Didier Deschamps igualou duas lendas do futebol ao tornar-se campeão como técnico e como jogador: Zagallo, pelo Brasil, e Beckenbauer, pela Alemanha. E também levou ao título o segundo time mais jovem em média de idade desta Copa, o que pode ser um prenúncio de um possível tricampeonato francês.

A utilização do VAR trouxe resultados importantes para a Copa do Mundo, principalmente, no quesito pênaltis marcados. Foram 29 pênaltis, um recorde absoluto, incluindo o pênalti marcado na final, o quinto pênalti convertido em uma Final na história das Copas (foram 2 em 1974, 1 em 1990 e 1 em 2006). Por outro lado, também foi elevado o número de pênaltis desperdiçados durante os jogos, com 8 erros no total. Os 21 gols anotados da “marca da cal” é um recorde absoluto em Copas.

A Copa totalizou 169 gols, dois a menos que a edição anterior, e alcançou uma média de 2,64 gols por jogo, inferior apenas a 1998 e 2014 desde que o torneio passou a ter 32 participantes. Dois dados interessantes podem ser acrescentados a essas informações. Primeiro, o fato de que essa Copa teve o maior número de gols contra, com 12 tentos anotados desta forma, inclusive 1 na Final, contra 6 em 1998, que era o recorde até então. Outro ponto, desta vez positivo, é que, pela primeira vez em uma Copa, todas as seleções participantes marcaram pelo menos 2 gols no total. Um número realmente interessante para quem gosta do bom futebol ofensivo.